dia desses iniciei a leitura de reflexões de um espectador culpado, de thomas merton - um monge trapista norte-americano e um dos mais influentes autores católicos do século 20. e o faço a partir de uma versão publicada em 1970 pela editora vozes, que me fora gentilmente emprestada por um bom amigo. (obrigada, marco! :))
para não me estender comentando sobre o formato do livro - que a mim me parece algo como a pré-história do blog moderno, ou seja, um conjunto de posts livres e independentes - impagável o post de abertura, que me fez reconhecer o mozart sofiânico que, também eu, desperto a cada nova manhã, com as notas que saltam dos auto-falantes do meu carro no caminho para o escritório. bravo! :)
* * *
deixo de falar sobre o livro, e publico aqui um trechinho que escolhi para compartilhar com vocês. para quem quiser saber mais, recomendo explorar o blog da sociedade dos amigos fraternos de thomas merton... :)
"o monge destacado para a leitura no refeitório esta semana é notavelmente sério. em cada refeição, anuncia o título do livro: "o direito de ser alegre". abaixa a voz muito ligeiramente na palavra alegre como se hesitasse em pronunciá-la, quase como se desaprovasse inteiramente o título. "deus nos livre, não temos o direito de ser alegres!". se no livro se faz menção de comer ou beber, amortece a voz e, muito ligeiramente, ainda com o mesmo tipo de preocupação como se retirasse sua vontade da palavra "comer", deixa-a flutuar sozinha, irresponsavelmente, diante da reprovação divina.
quando porém aparecem as palavras "morte", ele as deixa cair sem cerimônia no meio do refeitório, fortemente, com satisfação e de maneira irrevogável.
reparei que um outro membro muito austero da comunidade, severo com tudo que concerne à natureza e sóbrio à mesa, come muito devagar depois de esmigalhar todo o alimento como se fôra papa de bebê. sinto-me feliz pela evidente satisfação que ele retira desse ritual particular."
(in Merton, Thomas. Reflexões de um Expectador Culpado. Ed Vozes Ltda., 1970)
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