quarta-feira, julho 16, 2008

licença literária: haroun e o mar de histórias

Mais novo integrante da minha lista de leituras finalizadas, Haroun e o Mar de Histórias é um livro simplesmente surpreendente. E por alguns bons motivos. Me explico... Surpreendente porque é parte daquela categoria de histórias que pode ser lida e interpretada sob muitas óticas distintas. Tal como acontece em clássicos como Flatland, do matemático Edwin Abbott e O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupèry - só para citar alguns dos muitos que me vêm à cabeça quando o tema é metáfora.
Surpreendente porque conta uma estória de seres fantásticos, perfeitamente integrados apesar da diversidade entre eles, unidos pelo ideal de salvar as palavras e combinações tecidas pelos fios de histórias - estes enfraquecidos e aprisionados pelo propósito de extermínio pelos seres mudos das sombras. Apesar de fantásticos, seres comuns com suas qualidades e limitações, reconfortados e fortalecidos pela percepção coletiva do que é correto, do que vale a pena ser questionado e libertado.
Assim como pode ser lido como uma metáfora espetacular sobre o cerceamento dos direitos de expressão, criação e pensamento no mundo árabe de nascimento de Salman Rushdie - e infelizmente em muitos outros espalhados pelo planeta. Uma belíssima obra, que vale cada minuto de leitura, da primeira à última linha.

*** update: para quem quiser conferir, acabei de ler que a Livraria Cultura publicou meus comentários sobre o livro (seção opinião do leitor)

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